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Vôlei

Bernardinho pede paciência com a nova geração do vôlei que estreia na Liga das Nações contra o Irã

Treinador cria "mecanismo de proteção" para preservar os jogadores: 'Em última instância, a responsabilidade é minha'

A seleção brasileira masculina de vôlei estreia na Liga das Nações contra o Irã, nessa quarta-feira, às 17h30, no Maracanãzinho. O grupo que entrará em quadra está renovado, é jovem e tem pouca bagagem internacional.

Não à toa, o técnico Bernardo Rezende, o Bernardinho, teve de mudar a forma como se relacionar com seus atletas. Também criou mecanismos para "protegê-los" das cobranças e eventuais críticas se houverem.

Ainda na primeira semana de competição, o Brasil enfrentará Cuba (quinta), Ucrânia (sexta) e Eslovênia (domingo).

Segundo Bernardinho, que esteve à frente da seleção masculina entre 2001 e 2016 e voltou ao posto em outubro de 2023, é preciso ter paciência com estes atletas.

— Podemos esperar pouca experiência e temos de lidar com expectativas. Requer tempo, trabalho, conhecimento, vivência, entender a pressão, o cenário internacional. Eles vão ter de aprender a lidar com isso — comenta o treinador, que fala da maior preocupação dos tempos atuais: — Eu tenho muito receio das mídias socias, como atuam e como isso impacta. É uma realidade e temos de saber lidar com elas. Não vamos impedir ninguém de nada, mas como lidar com elas? Já vi muitas crises emocionais de jogadores em função disso especificadamente, haters e comentários. Então, criei uma hasthtag de proteção: #aculpaedobernardinho. Em última instância, a responsabilidade é minha, portanto... Sabe qual a chance de eu me impactar com a crítica que vem de lá? Zero.

Bernardinho comenta que entre os seus desafios está a conexão com um grupo diferente, em uma época distinta daquela vivida pela geração de Gustavo, Giba, Serginho e Cia. Conta que ex-atletas "brigam comigo e perguntam cadê o Velho Testamento? (referência às regras rígidas do treinador)" Afirma que, com essa geração dourada, ele não precisava pressionar porque os jogadores "se pressionavam o tempo inteiro".

O treinador afirma que o tratamento mudou e que tem de ser diferente. Pelo fato de ter filhos de gerações diferentes e alunos de gerações diferentes, ele foi aprendendo a lidar com as mudanças geracionais. Mas, garantiu, continua cobrando e exigindo.

— Só cobro de quem acredito — pontua — Qual a minha grande questão hoje? Como me conectar e liderar esse novo tipo de jogadores, de uma geração diferente. Para mim é um aprendizado. Liderança é um processo de aprendizado. No ado, pegava o Serginho (na gola) e fazia assim (chacoalhava), será que hoje isso é aceitável? Mas era assim, a comunicação era assim, não é certo ou errado. Era o que funcionava. Se eu fizer hoje tomo até processo.

— Como fazer e cobrar? Estar próximos deles, entendê-los é o mais importante. Nossa missão é tirar o melhor deles e se isso não acontecer, terei falhado. Esse é um grande desafio, não vai ser fácil. Temos muito a fazer.

Bernardinho diz que esta "garotada tem muita vontade de aprender", são "verdadeiras esponjas". E ele, continua a sentir prazer no processo, no dia a dia, nos treinos.

Sobre a estreia, contra o Irã, diz que o Brasil enfrentará um time forte. Lamentou que Lucarelli, o atleta mais experiente do grupo, com 33 anos, esteja fora desta primeira etapa da VNL por contusão no ombro. E disse que o central Flávio, de 32 anos, será o capitão por escolha do time.

— O Irã foi campeão mundial sub-21, conta com o retorno de vários veteranos e contratou um grande treinador (o italiano Roberto Piazza). Será uma estreia contra um time talentoso, virtuoso, que está crescendo há muito tempo. — analisou.

— Com o Lucarelli vamos o a o. Ele está se fortalecendo, treinando, mas ainda sem atacar. É uma pena não contarmos com ele, um jogador experiente, que lidera o time junto com o Flávio.

Em entrevista coletiva nesta terça-feira, ele disse que ainda não sabe se Lucarelli estará pronto para a segunda semana da VNL, no fim do mês, em Chicago.

— Estou muito sereno com aquilo que posso fazer, de como consigo ajudar a equipe. Eu, Lucarelli e Cachopa temos uma rodagem internacional maior que a da garotada. Nosso papel é liderar da forma mais tranquila possível, ar um pouco da experiência que adquirimos lá fora. É uma honra para mim colocar a faixa de capitão, e tentarei fazer o meu melhor. O que acho mais importante neste momento é o grupo — comentou Flávio sobre a braçadeira que era do levantador Bruninho, já aposentado da seleção.

A segunda etapa da Liga das Nações será em Chicago, nos Estados Unidos, de 25 a 29, diante da Itália, Canadá, Polônia e China. A última fase acontecerá em Kanto, em julho, contra o Japão, Argentina, Alemanha e Turquia.

—Tenho preocupação em relação a onde nós estamos e onde outras esquipes estão. E não sei onde estamos, mas não posso me angustiar com coisas que não controlo. Temos um bom grupo e vamos trabalhar muito. Isso eu controlo.

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