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MUNDO

Embaixadas israelenses ao redor mundo permanecerão fechadas ao público

Teerã fala em 'declaração de guerra', enquanto Trump aproveitou o momento para exigir de acordo nuclear em negociação

Um funcionário diplomático israelense afirmou nesta sexta-feira que todas as embaixadas israelenses ao redor mundo permanecerão fechadas ao público. Oficialmente, as representações israelenses em Copenhague e Berlim, na Alemanha, anunciaram que permanecerão fechadas e não prestarão serviços consulares.

O ataque aéreo lançado por Israel contra líderes militares e instalações nucleares do Irã colocou em alerta e provocou reação de grande parte da comunidade internacional, que percebeu a operação militar como uma perigosa escalada dos acontecimentos no Oriente Médio.

Líderes mundiais e agências internacionais se dividiram entre condenações do ataque e pedidos de contenção, enquanto o presidente americano, Donald Trump, aproveitou o momento para exigir que Teerã assine o acordo nuclear em negociação.

 

O chanceler iraniano, Abbas Araqchi, afirmou que o ataque israelense correspondia a uma "declaração de guerra" em uma mensagem à ONU, em que pediu atuação do Conselho de Segurança. Parte da comunidade internacional condenou a ofensiva e pediu contenção.

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, pediu "máxima contenção" de todas as partes após os ataques, assim como a principal diplomata da União Europeia, Kaja Kallas. A Rússia expressou "preocupação" com os ataques israelenses e denunciou a "súbita escalada de tensões".

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que instalações nucleares "jamais devem ser atacadas", chamando o incidente de "profundamente preocupante". A agência confirmou que a instalação de Natanz foi atingida pelo ataque, embora tenha declarado não ter observado um aumento nos níveis de radiação na área.

Mesmo em Israel, vozes críticas surgiram em torno da operação. "O Irã não esquecerá o conhecimento nuclear que adquiriu ao longo de décadas de desenvolvimento só porque uma instalação ou outra foi atacada. Além disso, Israel não pode garantir que uma ação militar – por mais ousada e sofisticada que seja – impediria o Irã de continuar no caminho nuclear. No entanto, tal ataque definitivamente colocaria a retaguarda israelense em risco de sérios danos novamente", escreveu o jornal israelense Haaretz em editorial publicado nesta sexta.

"A guerra que já dura 20 meses na Faixa de Gaza já demonstrou mais uma vez como é difícil pôr fim a guerras ou alcançar a 'vitória total', como o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu. A pressão militar por si só não produzirá segurança nem vitória", acrescenta o texto.

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta sexta-feira que Israel tem o direito de se defender e pediu “máxima contenção” de todas as partes após a onda de ataques israelenses contra o Irã. No X, ele escreveu que a França “reafirma o direito de Israel de se defender e garantir sua segurança”. No entanto, ele também acrescentou que, “para evitar comprometer a estabilidade de toda a região”, todas as partes deveriam exercer “máxima contenção e atuem na desescalada.”

Para o jornal The Guardian, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse que o governo pediu a "todas as partes que recuem e reduzam as tensões com urgência".

— A escalada não serve a ninguém na região. A estabilidade no Oriente Médio deve ser a prioridade e estamos envolvendo os parceiros com esse fim. Agora é a hora de moderação, calma e retorno à diplomacia.

O secretário de Relações Exteriores britânico, David Lammy, também declarou estar "preocupado", ao saber dos ataques israelenses contra o programa nuclear do Irã.

"A estabilidade no Oriente Médio é vital para a segurança global", disse ele em um post no X. "Estou preocupado em ver relatos durante a noite. Uma nova escalada é uma séria ameaça à paz e estabilidade na região e não é do interesse de ninguém. Este é um momento perigoso e peço a todas as partes que mostrem controle".

O Japão condenou "fortemente" os ataques aéreos de Israel contra o Irã, disse o ministro das Relações Exteriores, Takeshi Iwaya, a repórteres em Tóquio, pedindo moderação de todas as partes.

— Condenamos veementemente a última ação que agrava a situação — afirmou. — A paz e a estabilidade na região do Oriente Médio são extremamente importantes para o Japão, e pedimos a todas as partes envolvidas que acalmem a situação.

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