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BRASIL

Gripe: mortes de SRAG pelo influenza saltam de 11% em abril para 75% em junho

De acordo com o Infogripe, até o momento, o número de casos de SRAG no país tem sido consideravelmente maior do que o observado nos últimos dois anos

Dados do boletim Infogripe, da Fiocruz, mostram que desde o início de abril, o número de mortes causadas pelo influenza vem aumentando consecutivamente. No boletim publicado no início de abril, o vírus era responsável por 10,9% das mortes por síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Já na última edição, publicada na quinta-feira (12), 75,4% dos óbitos pela condição caracterizada por sintomas como febre alta, tosse intensa, dificuldade para respirar, calafrios e cansaço extremo, foram causados pelo vírus.

Além disso, a Fiocruz afirma que o número de casos de SRAG em maio deste ano quase dobrou em relação ao mesmo período do ano ado, registrando um aumento de 91%. Essa alta atípica de ocorrências se concentra principalmente nos estados das regiões Centro-Sul.

Na cidade de São Paulo, por exemplo, as mortes por síndrome respiratória aguda grave (SRAG), causadas por Influenza, cresceram mais de 127% na comparação com o mesmo período do ano ado, de acordo com informações da Agência Brasil.

 

Entre as capitais do país, 17 apresentam nível de atividade de SRAG em alerta, risco ou alto risco com sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas): Aracaju (Sergipe), Belo Horizonte (Minas Gerais) Boa Vista (Roraima) Brasília (Distrito Federal), Curitiba (Paraná), Florianópolis (Santa Catarina), Goiânia (Goiás), João Pessoa (Paraíba), Macapá (Amapá), Maceió (Alagoas), Manaus (Amazonas), Natal (Rio Grande do Norte), Porto Alegre (Rio Grande do Sul), Porto Velho (Rondônia), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Salvador (Bahia) e São Luís (Maranhão

Embora as doenças respiratórias comecem a aumentar no outono, estação que teve início no final de março, o infectologista Celso Granato, diretor clínico do Grupo Fleury, explica que até o mês de maio, predominam as infecções por vírus sincicial respiratório (VSR), que costumam afetar mais crianças pequenas e idosos. Em geral, a circulação do influenza ocorre nos meses de junho e julho, quando é inverno e as temperaturas ficam ainda mais baixas.

Um dos motivos para esse aumento, além das baixas temperaturas, é a adesão à campanha de vacinação segue baixa. Dados do Ministério da Saúde apontam que a cobertura vacinal até o dia 10 de junho entre os grupos prioritários, que inclui crianças pequenas, idosos e gestantes, é de 37,77%. Muito abaixo da meta de 90% de cobertura.

De acordo com o médico infectologista Alexandre Naime Barbosa, chefe do Departamento de Infectologia da Unesp e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), esses grupos são justamente os mais vulneráveis às formas graves da doença.

Em comunicado, Tatiana Portella, pesquisadora do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e do InfoGripe, destaca a influenza A têm afetado todas as faixas etárias, com maior impacto nos idosos. Entre as crianças, o vírus sincicial respiratório (VSR) é a principal causa de hospitalização de crianças pequenas.

"Com uma boa cobertura vacinal, conseguimos diminuir esse número de hospitalizações no país", afirma a pesquisadora, em comunicado.

Liberação de verba
Diante do aumento de casos de vírus respiratórios no país, comum nesta época do ano, o Ministério da Saúde anunciou a liberação de R$ 50 milhões para fortalecer o atendimento a adultos com SRAG no SUS. A portaria com o incentivo foi publicada no Diário Oficial da União da última quinta-feira (12).

Em maio deste ano, o ministério já havia disponibilizado R$ 100 milhões para o atendimento de crianças hospitalizadas. Com a nova portaria, o total de recursos temporários chega a R$ 150 milhões.

Normalmente, a vacinação contra a gripe no SUS está disponível apenas para grupos prioritários, como crianças, idosos e gestantes . Mas, este ano, diante do aumento precoce de casos de gripe no país, o Ministério da Saúde recomendou que estados e municípios ampliem a vacinação para toda a população, desde que haja doses disponíveis e conforme a situação epidemiológica local.

"A orientação visa ampliar a proteção contra os vírus respiratórios que mais circulam no país, como a influenza A (H1N1), o VSR e o rinovírus, em período de baixas temperaturas e maior registro de casos da doença", diz a pasta.

A pasta também orienta estados e municípios a realizarem busca ativa dos grupos prioritários.

Essa estratégia deve ser definida pelos estados e municípios, de acordo com a disponibilidade de doses e situação epidemiológica local. Estados como Amazonas, São Paulo, Bahia, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Pernambuco liberaram a vacinação para todos. A medida também foi adotada pelo município do Rio de Janeiro.

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