Metrô do Recife pode parar em julho ou até fechar se não receber mais orçamento, diz CBTU
Companhia enviou ofício ao Ministério das Cidades alertando sobre crise orçamentária, com pedido de maior investimento
A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) enviou um ofício ao Ministério das Cidades com um pedido de ajuda e também com um alerta: diante da crise orçamentária e condições precárias do sistema, o serviço pode ser paralisado já no mês de julho em quatro capitais, com o Recife incluso, se o valor investido não aumentar.
Além do Recife, o cenário pode afetar também o Metrô de Natal (RN), Maceió (AL) e João Pessoa (PB). Além da paralisação, o fechamento total dos sistemas também não é descartado. De acordo com o documento, nas condições atuais, isso poderia acontecer já em agosto.
Leia também
• Trem do Metrô do Recife tem princípio de incêndio em Cavaleiro; fogo e fumaça assustam usuários
• Metrô do Recife: após parar por árvore envergar na rede aérea, ramal Camaragibe volta a funcionar
• Metrô do Recife: CBTU confirma suspensão do Ramal Camaragibe até o fim do dia
O motivo para tanta preocupação? O que já é conhecido por todos que utilizam o metrô dia após dia: falta de verba. Como consta no ofício, para o ano de 2025 foram liberados R$ 165 milhões para manutenção do serviço. O valor, no entanto, não é suficiente. Os cálculos da CBTU apontam que seriam necessários cerca de R$ 260 milhões para custear as atividades.
O impacto disso, claro, recai diretamente nos ombros de quem depende do transporte. Isso vale tanto para ageiros, quanto os trabalhadores da companhia, já que, como consta no ofício, caso persista, o "cenário trará demissão em massa de terceirizados".
Segundo a CBTU, essa crise se dá pela diminuição ano a ano do orçamento. Em 2024, o valor liberado para custeio das atividades foi de R$ 216 milhões. Assim, para 2025, a diferença foi de R$ 51 milhões para investir em infraestrutura dos trens, linhas e terminais - e que, mesmo assim, ainda estaria longe dos R$ 260 milhões necessários.

Precariedade que persiste
No Recife, a realidade é dura os cerca de 138 mil ageiros que utilizam o serviço dia após dia para deslocamento na Região metropolitana do Recife (RMR). Notícias sobre quedas do sistema, precariedade dos trens e forte insegurança já viraram corriqueiras para a população.
Somente neste mês, por exemplo, já foram dois casos do tipo. No último dia 5 junho, o ramal Camaragibe precisou ser interrompido por falha da rede elétrica, que chegou a gerar um "princípio de incêndio", como classificou a CBTU. Pequenas chamas, que estavam à vista, foram o bastante para assustar ageiros e causar comoção.
Um dia antes, o ramal Jaboatão também apresentou problemas e ficou parado entre as estações Floriano e Cavaleiro. Diversos ageiros caminharam do veículo e andaram pelos trilhos para chegar ao terminal seguinte. A prática, por mais que seja rechaçada e contra-indicada por apresentar graves riscos à segurança dos usuários, demonstra bem o atual nível de desespero de quem depende do meio de transporte para chegar e o nível de sucateamento no qual o mesmo chegou.
CBTU garante continuidade das tratativas
Procurada pela reportagem, a CBTU explicou, por meio de nota, que o "Ministério das Cidades já está conduzindo tratativas sobre o tema junto às instâncias superiores competentes".
Ainda segundo a companhia, o objetivo é garantir "que não haverá descontinuidade na prestação dos serviços nem prejuízos à população".